Acontece no Digital
Omnicom compra Interpublic e cria a maior Holding de Comunicação do Mundo: Reflexões sobre o futuro da indústria e a Maturidade Digital
Na manhã de segunda-feira, 9 de dezembro, a fusão entre Omnicom e Interpublic (IPG) foi oficialmente confirmada, criando a maior holding de comunicação e publicidade do mundo. Combinadas, as receitas de ambas as empresas alcançam a impressionante marca de US$ 25,6 bilhões em 2023. A nova empresa manterá o nome Omnicom, e a sigla OMC será preservada na bolsa de valores de Nova York.
John Wren, atual CEO do Omnicom, continuará à frente da companhia, enquanto Philippe Krakowsky, CEO do IPG, e Daryl Simm, COO do Omnicom, assumirão as funções de co-presidentes e COOs do novo Omnicom. A fusão, embora seja uma resposta natural à crescente necessidade de escala no setor, vai muito além de uma simples aliança financeira; ela reflete a transformação profunda e acelerada que a indústria de comunicação tem vivenciado na última década.
A declaração de Wren sobre a aquisição é clara: “Essa aquisição estratégica cria valor significativo para os shareholders de cada uma, ao combinar plataformas cujo alto nível de excelência em dados e tecnologia viabilizarão novas ofertas, de modo a melhor servir nossos clientes e impulsionar crescimento”. Para Krakowsky, as empresas agora unidas compartilham “uma crença no poder das ideias impulsionadas por dados e tecnologia”, e a fusão cria um portfólio de serviços único que os posiciona como o “parceiro de marketing e vendas mais poderoso de um mundo que está mudando rapidamente”.
Esta fusão é apenas a ponta do iceberg?
No entanto, o que parece ser um movimento estratégico de fusão pode ser apenas a ponta do iceberg de um movimento mais amplo que está tomando forma na indústria de comunicação. Como destacou Pyr Marcondes, Senior Partner da Pipeline Capital, esta fusão não é um evento isolado, mas um reflexo das transformações estruturais que estão moldando o setor. Ele prevê que, no próximo capítulo dessa evolução, essas holdings poderão ser adquiridas por consultorias ou grandes players de tecnologia, como Accenture e McKinsey, ou até mesmo por gigantes da tecnologia, como Google e Apple. “O movimento de concentração é uma resposta inevitável às demandas de um mercado cada vez mais dominado por grandes plataformas e ecossistemas”, afirmou Marcondes.
LEIA TAMBÉM: IA, Criatividade e Autenticidade: O novo diferencial dos profissionais no mercado digital
De acordo com Marcondes, o setor de publicidade, embora essencial para diversas outras indústrias, ainda possui valores de mercado significativamente abaixo de gigantes da tecnologia, colocando-as em uma posição vulnerável. A fusão Omnicom-IPG é um reflexo da necessidade dessas empresas de atingir uma escala significativa para garantir sua sobrevivência e relevância no mercado global. As empresas de consultoria e tecnologia, com sua expertise em inteligência artificial e soluções emergentes, estão se posicionando como os novos protagonistas do mercado de comunicação, uma vez que possuem a agilidade necessária para implementar soluções de personalização, automação e eficiência em marketing e comunicação.
Minha visão sobre o futuro da comunicação relacionada com a Maturidade Digital
Como CEO da VitaminaWeb e Presidente Nacional da AnaMid, tenho acompanhado de perto as mudanças no ecossistema digital e o impacto dessas transformações nas indústrias de comunicação e marketing.
A fusão entre Omnicom e IPG é um reflexo de um movimento muito mais amplo que envolve a convergência da comunicação com a tecnologia e a consultoria. Esse processo é parte de uma transformação digital maior, em que dados, inteligência artificial e tecnologias emergentes estão redefinindo não apenas a maneira como nos comunicamos, mas também como as empresas operam e crescem.
Vejo este movimento como uma necessidade iminente para as empresas que buscam sobreviver e prosperar em um mundo cada vez mais interconectado e acelerado. A comunicação, que antes era considerada uma função independente, agora precisa ser integrada com a estratégia digital das empresas, onde dados e tecnologia desempenham um papel fundamental. As empresas que não se adaptarem a essa realidade correm o risco de se tornarem irrelevantes.
O movimento de fusões no setor publicitário é um reflexo direto dessa transformação, que exige uma mudança estrutural profunda. As empresas precisam se reinventar e buscar soluções tecnológicas mais sofisticadas para atender às demandas de um mercado cada vez mais dinâmico e orientado por dados. O futuro da comunicação não será apenas sobre mensagens criativas, mas sobre a capacidade de integrar dados, inteligência artificial e plataformas digitais para oferecer uma experiência personalizada e eficaz para os consumidores.
Em minha visão, as empresas que compreendem o valor de integrar essas novas tecnologias em suas operações estarão mais bem posicionadas para liderar a transformação digital e alcançar uma maturidade digital plena. As organizações que abraçam essas mudanças e se adaptam a um ecossistema em constante evolução terão a oportunidade de se tornar líderes em seus respectivos setores, criando valor para seus clientes e garantindo um crescimento sustentável no futuro. A fusão Omnicom-IPG é apenas o começo de uma nova era para a comunicação, uma era onde a tecnologia será o alicerce do sucesso.
Rodrigo Neves
Presidente Nacional da AnaMid
CEO da VitaminaWeb
Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não necessariamente corresponde à opinião da AnaMid.