Acontece no Digital
Quando a novela vira marketplace!

Se tem uma coisa que nunca mudou na história da comunicação é que o marketing sempre segue a atenção das pessoas. Quando o rádio era o centro da casa, as marcas estavam lá. Quando a televisão surgiu, ela virou a grande vitrine do século 20. Depois, vieram a internet e as redes sociais, e mais uma vez o marketing precisou se reinventar.
Agora, estamos diante de um novo salto. O Brasil deu o pontapé inicial para a TV 3.0 (ou DTV+), e essa inovação promete mexer com a forma como milhões de brasileiros consomem conteúdo — e, consequentemente, com a forma como as empresas se comunicam e
vendem.
Quero te mostrar de forma simples e prática o que é essa tecnologia, como ela funciona e, principalmente, como ela pode transformar o marketing do seu negócio.
O que é a TV 3.0?
A TV 3.0 é a evolução natural da TV digital que usamos hoje. Em agosto de 2025, o presidente Lula assinou o decreto que oficializa o novo sistema no Brasil. Na prática, estamos falando de uma televisão aberta gratuita, que mistura a força da transmissão via antena com o poder da internet.
O resultado? Uma experiência muito próxima ao streaming: imagem em 4K e até 8K, som de cinema e interatividade em tempo real. Ou seja, a TV deixa de ser só um canal para assistir passivamente e passa a ser um ambiente vivo, interativo e conectado.
Para que serve?
A TV 3.0 nasce com dois grandes propósitos:
- Modernizar a TV aberta, que ainda chega a 80% dos lares brasileiros.
- 2. Colocar o público no centro da experiência.
Com ela, você poderá:
- Comprar um produto visto na novela com um clique no controle remoto.
- Escolher diferentes câmeras num jogo de futebol.
- Votar ao vivo em programas de entretenimento.
- Receber publicidade segmentada de acordo com seu interesse.
- Acessar serviços públicos e educativos direto pela televisão.
Em resumo: a TV 3.0 transforma a sala de estar em um espaço interativo de consumo, informação e serviços digitais.
Como funciona?
O sistema é baseado no padrão internacional ATSC 3.0, já usado em países como EUA e Coreia do Sul. Ele combina duas camadas:
- Broadcast (sinal de antena) → garante que o conteúdo chegue a todos gratuitamente.
- Broadband (internet) → libera os recursos de personalização, interatividade e comércio eletrônico.
A diferença está na interface:
- Os canais deixam de ser uma lista numérica e passam a aparecer como aplicativos.
- Dentro do app de cada emissora, além da transmissão ao vivo, haverá conteúdos sob demanda, quizzes, lojas virtuais e muito mais.
No início, quem quiser experimentar precisará de um conversor (custando em torno de R$ 300 a R$ 350). Mas logo os televisores novos já virão com essa tecnologia embutida.

Isso vai ajudar o Marketing?
Sem dúvida. E aqui está o ponto central: a TV 3.0 vai trazer para a TV aberta tudo aquilo que as marcas já amam no digital — dados, segmentação e mensuração. Imagine sua marca podendo falar com públicos diferentes ao mesmo tempo, em regiões diferentes, com mensagens personalizadas.
E melhor: não só falando, mas vendendo diretamente pela TV. O que antes era apenas branding (exposição de marca) agora passa a ser também performance: vendas, leads, interações e dados mensuráveis.
O que vai mudar no Marketing?
Vamos ser diretos: vai mudar praticamente tudo.
- Publicidade segmentada: cada lar poderá ver um comercial diferente, adaptado ao seu perfil.
- Compra imediata: um comercial de carro, de comida ou de moda poderá ser comprado na hora, pelo controle remoto.
- Engajamento ativo: o consumidor não só assiste, mas participa — vota, responde, interage.
- Medição real de impacto: como no digital, será possível saber quantos clicaram, compraram, interagiram. Convergência de canais: a TV 3.0 conversa com celular, redes sociais e e-commerce, criando jornadas integradas.
Na prática, a televisão deixa de ser apenas a rainha da atenção e passa a ser também um canal direto de negócios.
Como o Marketing vai trabalhar esse canal?
As empresas terão que repensar completamente sua estratégia de TV. Não bastará ter um bom comercial de 30 segundos.
Será preciso criar experiências interativas, como:
- Comerciais que oferecem descontos exclusivos com um clique.
- Conteúdos que levam o público a participar de enquetes ou quizzes.
- Produtos que podem ser comprados enquanto aparecem na tela.
- Ofertas geolocalizadas: uma padaria em São Paulo pode anunciar diferente de uma em Cuiabá, no mesmo programa.
Além disso, os dados coletados pela TV 3.0 vão permitir campanhas mais inteligentes, integradas ao funil de marketing já usado nas redes sociais e no Google.
Como minha empresa pode se preparar?
Aqui está o que eu recomendo para qualquer negócio que queira estar pronto:
- Estude e acompanhe a tecnologia: entenda como as emissoras vão oferecer espaço publicitário e interatividade.
- Reveja seu conteúdo: comece a pensar em narrativas que convidem o cliente à ação, não apenas à contemplação.
- Invista em dados e tecnologia: prepare-se para cruzar informações de audiência com dados do seu CRM e do digital.
- Treine sua equipe de marketing: é hora de aprender a criar campanhas interativas, que vão além do comercial tradicional.
- Teste formatos híbridos: use hoje o que já temos (QR Codes, shoppable ads em redes sociais) como laboratório.
- Crie parcerias com emissoras e agências: quem estiver na frente vai ditar os formatos que o mercado vai seguir.
- Planeje orçamento: reserve verba específica para explorar esse canal a partir de 2026.
Números que mostram a dimensão dessa mudança
- 80 milhões de domicílios brasileiros têm sinal de TV aberta.
- 75 milhões de lares têm internet e poderão aproveitar a TV 3.0 no máximo de suas funcionalidades.
- 80% da população brasileira ainda consome TV terrestre como principal meio de informação e entretenimento.
- O mercado publicitário em TV movimenta mais de R$ 12 bilhões por ano no Brasil. Com a TV 3.0, esse número tende a crescer pela entrada de formatos interativos.
Esses números mostram uma oportunidade gigante para empresas de todos os tamanhos.
O futuro do marketing está na sala de estar!
A TV sempre foi o lugar onde as famílias brasileiras se reúnem. Agora, com a TV 3.0, ela se transforma também no lugar onde as marcas se encontram com seus consumidores de forma personalizada, interativa e mensurável.
Assim como as redes sociais mudaram o jogo na última década, a TV 3.0 será a próxima grande onda do marketing.
A pergunta que fica é: sua empresa vai ser uma das pioneiras nessa nova forma de comunicação ou vai esperar os concorrentes ditarem o ritmo?
Juscelino Araújo
CEO na Fauna Digital
Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não necessariamente corresponde à opinião da AnaMid.