O Futuro do Trabalho e os desafios do Ecossistema Digital: Um alerta à Liderança Empresarial Brasileira | AnaMid

O Futuro do Trabalho e os desafios do Ecossistema Digital: Um alerta à Liderança Empresarial Brasileira

O estudo “Futuro do Trabalho 2025–2030”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) em colaboração com a Fundação Dom Cabral (FDC), oferece um panorama inquietante e necessário sobre as transformações que impactarão o mercado de trabalho global e, em especial, o digital. Para quem vive o dia a dia da transformação digital brasileira como eu, esse estudo não é apenas um retrato de tendências — é um chamado à ação.

O Mercado de Trabalho Está Mudando — Mas o Digital Também Está

O dado de que 22% dos empregos atuais passarão por algum tipo de substituição ou criação até 2030 deveria, por si só, gerar uma revisão completa nas estratégias de RH, educação corporativa e políticas públicas. Serão 170 milhões de novos empregos criados globalmente, contra 92 milhões extintos. E os maiores vetores disso são as tecnologias que compõem o coração do nosso ecossistema digital: Inteligência Artificial, Big Data, automação, segurança da informação e plataformas digitais.

Na AnaMid, temos reiterado que o futuro da empregabilidade está diretamente atrelado à maturidade digital das empresas e da sociedade. Empresas que ignorarem a requalificação contínua, o uso ético e produtivo da IA, e a transformação organizacional impulsionada pela tecnologia, estarão contribuindo para a obsolescência dos seus próprios times.

A Disparidade de Preparação: Um Brasil com Gaps Graves

O Brasil, como mostrado no estudo, ainda lida com lacunas básicas de formação em matemática, português e inglês. Esse dado é extremamente preocupante quando pensamos em um país que precisa escalar sua competitividade digital. 37% das habilidades dos profissionais brasileiros precisarão ser transformadas até 2030, e 90% das empresas já sinalizam a intenção de requalificar suas equipes.

A contradição é que muitas dessas empresas ainda apostam em recrutar talentos prontos, ao invés de desenvolver internamente sua força de trabalho. Como presidente da AnaMid, vejo isso diariamente: há uma expectativa de inovação sem o compromisso com o desenvolvimento humano, e isso precisa mudar. O mercado digital brasileiro não pode crescer de forma sustentável se continuarmos a negligenciar o papel das empresas na formação de competências.

O Papel das Associações e da Governança Corporativa

Neste momento, as entidades do ecossistema digital — como a AnaMid — devem ocupar um lugar de protagonismo. A pauta da gestão de pessoas precisa sair do RH e ganhar espaço nos conselhos das empresas, como uma agenda estratégica e estrutural.

Sugiro que cada organização digital reavalie seus investimentos em treinamento, sua cultura de aprendizagem contínua e seus indicadores de maturidade digital. Não podemos esperar que as universidades, sozinhas, preparem a mão de obra para um mundo em que a tecnologia muda em ciclos semestrais.

Habilidades em Alta: Do Analítico ao Humano

Os dados sobre as principais habilidades do futuro misturam elementos técnicos e humanos:

  • 69% dos empregadores apontam o pensamento analítico como essencial.
  • 67% valorizam resiliência, flexibilidade e agilidade.
  • 61% priorizam liderança com influência social.

O que isso nos mostra é que não basta formar bons profissionais técnicos. Precisamos de profissionais conscientes, que saibam aprender, desaprender e liderar em contextos voláteis. E para isso, a cultura organizacional precisa ser tão transformada quanto a tecnologia.

Na AnaMid, defendemos que a diversidade, a inclusão e o trabalho remoto — que já são preferências de mais de 60% dos profissionais — devem ser pilares estratégicos. Não são modismos: são exigências de um mercado que está cada vez mais distribuído e globalizado.

Setores em Expansão e Declínio: Um Mapa para o Reposicionamento Estratégico

Os setores ligados à tecnologia da informação, energia renovável e agricultura digitalizada estão em franca expansão. Em contrapartida, atividades como telemarketing, serviços administrativos repetitivos e funções operacionais sofrerão forte retração.

Esse diagnóstico reforça o que temos dito nos fóruns da AnaMid: a transformação digital não é só sobre plataformas e dados — é sobre realocação de pessoas e competências. Requalificar trabalhadores não é filantropia, é estratégia de sobrevivência.

A Oportunidade de Liderar

A leitura mais importante desse estudo é que estamos diante de um momento de inflexão. Empresas, governos e profissionais que investirem em infraestrutura digital, programas de requalificação, diversidade e transformação organizacional sairão na frente.

No Brasil, precisamos urgentemente de uma política nacional para transformação digital da força de trabalho, e isso só será possível com a união de lideranças públicas e privadas. A AnaMid está pronta para ser essa ponte.

O futuro do trabalho é digital, sim. Mas, acima de tudo, é humano.
E cabe a nós, líderes do ecossistema, garantir que ninguém fique para trás.

Rodrigo Neves
Presidente Nacional da AnaMid e CEO da VitaminaWeb

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