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Novelas verticais: Minha visão sobre a nova era da teledramaturgia digital

Nos últimos anos, venho acompanhando de perto as mudanças no comportamento do público digital e a forma como consumimos conteúdo. E posso afirmar: estamos vivendo uma verdadeira revolução no audiovisual. Depois do crescimento explosivo dos vídeos curtos no TikTok, Kwai, Instagram Reels e YouTube Shorts, surge agora um formato que promete transformar também a teledramaturgia: as novelas verticais.
Para mim, esse movimento faz todo o sentido. O público está cada vez mais acostumado a consumir histórias rápidas, diretas e adaptadas à tela do celular. E as novelas verticais unem justamente a emoção e o drama das produções tradicionais ao dinamismo e ao alcance das redes sociais.
O que está acontecendo no mercado
Segundo dados da Kantar Ibope, mais de 80% dos brasileiros entre 16 e 34 anos consomem vídeos digitais todos os dias, principalmente em dispositivos móveis. Ou seja, o público para esse formato já existe e está mais do que preparado.
Alguns exemplos chamam atenção:
- A Globo já está produzindo uma novela vertical com capítulos de até cinco minutos, estrelada por Jade Picon, para testar o formato em redes sociais e possivelmente no Globoplay.
- A plataforma ReelShort lançou a primeira micronovela brasileira, “A Vida Secreta do Meu Marido Bilionário”, que mistura o drama tradicional das novelas com a linguagem acelerada das redes sociais.
- Relatórios recentes mostram que micronovelas com apenas 1 minuto de duração já superam, em visualizações, conteúdos tradicionais de streaming.
Por que esse formato chama a atenção
Como consultor de marketing e inovação, vejo algumas vantagens claras:
- Custo reduzido: uma temporada inteira pode custar entre US$ 100 mil e US$ 250 mil, bem abaixo dos valores de uma produção tradicional.
- Alcance massivo: a possibilidade de viralização é muito maior, já que os episódios são curtos e adaptados para redes sociais.
- Experimentação rápida: dá para testar histórias, personagens e estilos sem os riscos financeiros de uma novela de TV.
Por outro lado, há desafios: manter a profundidade narrativa e a conexão emocional com episódios tão curtos não é simples. Além disso, a monetização ainda depende de modelos que integrem publicidade, parcerias com plataformas e até conteúdo patrocinado.
Minha leitura sobre o futuro
Acredito que, nos próximos anos, veremos:
- Mais produtoras e plataformas testando novelas verticais regionais, com sotaque, cultura e paisagens locais.
- Parcerias entre empresas, marcas e criadores de conteúdo para escalar esse formato com estratégias de marketing digital integradas.
- O surgimento de narrativas interativas, onde o público pode influenciar o rumo da história, aproveitando recursos das redes sociais e da inteligência artificial.
Para quem trabalha com audiovisual e marketing, é uma oportunidade de inovar, experimentar e criar novos modelos de negócios, combinando criatividade, tecnologia e formatos mais acessíveis.
Conclusão
Como profissional que acompanha há anos as transformações digitais, vejo as novelas verticais não apenas como uma tendência, mas como um novo capítulo da teledramaturgia brasileira. Um formato mais dinâmico, adaptado ao consumo mobile, com potencial para conectar marcas, criadores e público de forma mais rápida e intensa.
Estamos no início de uma era em que histórias curtas podem ter impacto tão grande quanto as longas — e quem entender isso primeiro vai sair na frente nessa corrida pelo novo entretenimento digital.
Juscelino Araújo
CEO na Fauna Digital
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