Marcas na Pole Position

Marcas na Pole Position: O que pequenas e médias empresas devem aprender com o filme da fórmula

Marcas que não aparecem — participam da história

Durante muito tempo, o patrocínio em filmes ou esportes funcionava como um “apoio de vitrine”: colocar o logotipo e torcer para ser notado. Mas o recente Fórmula 1 – O Filme, estrelado por Brad Pitt, revolucionou essa lógica. Agora, marcas ganham papel ativo na narrativa — e não apenas um espaço visual.

A criação da equipe fictícia APXGP, que aparece ao longo de todo o filme, foi sustentada por mais de US$ 40 milhões em patrocínios de marcas reais como Mercedes, Heineken, T-Mobile e EA Sports. O impacto? Sete dessas empresas viram o valor de suas ações subir em média 3,35% na semana seguinte à estreia. Isso representou mais de US$ 7,8 bilhões em valorização de mercado.

As marcas não apenas foram vistas — foram lembradas, inseridas na trama e conectadas emocionalmente ao público. Isso é mais do que marketing de produto. É posicionamento com propósito.

O fim do marketing-relâmpago e o início da construção contínua

Campanhas de curto prazo com foco em vendas imediatas estão perdendo espaço para ações com objetivos duradouros. O sucesso não está mais em aparecer por 15 dias, mas em construir uma presença consistente e relevante ao longo do tempo.

A série documental Drive to Survive, lançada pela Netflix em 2019, é o maior exemplo disso. Em vez de focar apenas nas corridas, ela mergulhou na vida pessoal dos pilotos, no drama das equipes e nos bastidores da competição. Resultado? O público jovem cresceu 77%, e a audiência feminina passou de 17% para 41% em poucos anos.

Essa é a nova lógica do branding: menos interrupção, mais envolvimento. O consumidor moderno valoriza histórias autênticas e marcas que fazem parte da sua cultura e identidade. E isso se constrói com consistência.

Como aplicar isso em pequenos negócios

Se você é empreendedor de uma marca local, uma loja física ou um negócio familiar, pode estar pensando: “isso é coisa de multinacional”. Mas o conceito é totalmente aplicável à sua realidade — só muda a escala.

Aqui vão algumas estratégias viáveis para pequenas e médias empresas:

  • Mostre sua jornada: Compartilhe a rotina do seu negócio. Apresente sua equipe, os bastidores da produção, os desafios do dia a dia. Isso gera identificação.
  • Crie conteúdo com propósito: Em vez de fazer apenas posts de promoção, construa uma linha de comunicação que conte uma história ao longo do tempo — sobre o seu produto, seus clientes ou sua causa.
  • Use os canais certos: Diversifique sua presença. Instagram, WhatsApp, TikTok, panfletos, eventos locais — tudo pode fazer parte de um mesmo enredo, com linguagem adaptada para cada espaço.
  • Tenha voz própria: Seja fiel aos seus valores. Se você é uma confeitaria que valoriza ingredientes naturais, ou um estúdio de tatuagem com foco em diversidade, fale disso com naturalidade. Isso gera conexão verdadeira.
  • Construa redes de colaboração: Parcerias com outros negócios locais, artistas, ONGs ou criadores de conteúdo podem ajudar você a criar narrativas mais fortes e a alcançar novos públicos de forma orgânica.

Emoção, cultura e posicionamento: os novos pilares do marketing

O filme da F1 não apenas promoveu produtos — ele ativou sentimentos. E isso faz toda a diferença na hora de gerar valor real para uma marca.

David Barrett, CEO da Expensify, disse que participar do filme foi “uma das melhores oportunidades de posicionamento de marca de todos os tempos” e que o impacto seria sentido muito além do fim da exibição nos cinemas. Essa declaração revela um novo paradigma: a ação não se mede apenas por impressões ou cliques — mas por memória, associação e desejo.

As pequenas empresas precisam entrar nesse jogo. E isso não significa contratar um Brad Pitt, mas criar conteúdo que emocione, histórias que fiquem na mente do consumidor e posicionamentos que despertem orgulho em quem compra.

Marcas pequenas ganham vantagem quando são consistentes, próximas e autênticas. É isso que cria comunidade, reputação e, claro, vendas duradouras.

A nova corrida do marketing é sobre quem engaja, não quem grita

O cenário atual exige muito mais do que anúncios chamativos. Os consumidores não querem ser interrompidos — querem ser envolvidos. As campanhas mais eficazes não empurram uma oferta, mas criam universos em que as pessoas desejam entrar.

Fórmula 1 – O Filme trouxe essa lição com perfeição. A equipe fictícia APXGP apareceu no cinema, no jogo F1 25 da EA Sports, em conteúdos digitais e até em campanhas de redes sociais. Isso é um exemplo claro de ecossistema de marca — e qualquer negócio, por menor que seja, pode replicar essa lógica.

Para isso, o empreendedor precisa:

  • Ver cada post como um episódio de uma história.
  • Transformar clientes em personagens.
  • Mostrar bastidores como parte do enredo.
  • Pensar em ações de médio e longo prazo, e não apenas no faturamento do mês.

Hoje, marcas que constroem boas narrativas ganham espaço. As que vivem só de panfletagem digital, desaparecem.

Entenda antes que seja tarde demais

Estamos diante de uma transformação profunda na forma como as marcas se comunicam. A Fórmula 1 soube se reinventar, abandonando o modelo engessado e investindo em entretenimento, inclusão e emoção. As marcas que abraçaram essa nova fase estão ganhando visibilidade, prestígio e valor de mercado.

Mas o mais inspirador é que tudo isso é possível de ser adaptado para negócios de qualquer porte. Contar histórias, se conectar com o público, valorizar suas origens e mostrar autenticidade são atitudes acessíveis — e poderosas.

Se você é pequeno, mas quer crescer, o caminho não está em copiar os grandes. Está em aprender com o que eles estão fazendo de mais humano. E isso começa com uma pergunta simples:

Sua marca está vendendo produto ou está construindo uma história que as pessoas querem fazer parte?

Se for a segunda opção, prepare-se. O seu crescimento pode ser mais rápido do que qualquer pole position.

Juscelino Araújo
CEO na Fauna Digital

Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não necessariamente corresponde à opinião da AnaMid.

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