Impacto digital no governo

Impacto digital no governo — Inovação, inclusão e eficiência nas políticas públicas

Inovação no setor público: como superar entraves e gerar impacto

Ao longo dos últimos anos, a atuação governamental passou por uma transformação silenciosa — mas profunda. No entanto, ainda há muitos entraves estruturais, culturais e legais que afastam o setor público da inovação e das melhores práticas do mercado privado. O quarto painel do AnaMid Trends 2025, realizado na ESPM TECH, teve como missão debater como superar essas barreiras com criatividade, coragem institucional e compromisso com o cidadão.

O tema foi mediado por Leandro Ogalha, consultor especializado em comunicação pública e inovação, com mais de duas décadas de atuação no setor. Na abertura, ele destacou que, apesar das restrições impostas por estruturas rígidas, é justamente no setor público que a comunicação pode gerar maior impacto social — desde que haja coragem para romper velhas barreiras.

Como usar dados para proteger a democracia e combater a polarização

Alex Maracajá refletiu sobre o poder dos dados comportamentais nas redes sociais — especialmente no contexto político e de políticas públicas. Autor do livro O Brasil Digital nas Entrelinhas da Polarização Política, ele destacou como a análise de dados tem o potencial de antecipar tendências, mapear crises e orientar estratégias comunicacionais mais democráticas.

“Os dados hoje são o novo petróleo. Quem os detém tem poder. Mas o poder real está em saber interpretá-los para proteger a democracia e combater a desinformação.”

Leque também alertou para a concentração de dados nas mãos das grandes plataformas e reforçou a necessidade de soberania digital como pauta pública.

Redes sociais no setor público: engajamento com linguagem acessível

Michel Sotelo, presidente da CPTM, compartilhou a jornada de transformação digital da empresa, marcada por uma virada na estratégia de redes sociais. Com uma abordagem baseada em linguagem acessível, mascotes, tom humanizado e escuta ativa, a CPTM se tornou uma referência em engajamento entre as empresas públicas de São Paulo.

“Com planejamento, criatividade e liberdade de criação, conseguimos construir um canal direto com o passageiro — algo impensável anos atrás.”

Michel explicou como a empresa mobilizou talentos internos, identificou colaboradores com perfil criativo e deu espaço para que participassem da produção de conteúdo, fortalecendo vínculos e dando voz aos bastidores da operação.

O diferencial esteve na autonomia criativa, agilidade na produção e confiança institucional, demonstrando que com a estratégia certa — e eventualmente com apoio técnico especializado — o setor público pode sim protagonizar experiências de comunicação eficientes e conectadas com a realidade das pessoas.

Burocracia e inovação: o difícil equilíbrio do gestor público

Alexsander Soares, do Sebrae São Paulo, compartilhou os bastidores de quem tenta inovar de dentro para fora. Com forte vivência na iniciativa privada e atuação em diversas cidades, ele revelou a implantação de novas frentes de comunicação, como assessoria de imprensa regional, captação audiovisual e redes sociais com colaboradores e clientes como protagonistas.

“O gestor público muitas vezes quer inovar, mas enfrenta travas jurídicas, culturais e estruturais. É preciso coragem e dados para convencer a diretoria e justificar cada movimento.”

Alexsander relatou os desafios para contratar agências e implementar projetos mesmo com orçamento disponível. Ele reforçou que a comunicação pública ainda sofre com preconceito e burocracia, e que só com resultados concretos e indicadores fortes é possível abrir novos caminhos.

Licitação de comunicação no setor público: o que é permitido?

Paulo Aguado, advogado com décadas de atuação no setor público, trouxe a perspectiva jurídica e defendeu que a contratação correta de serviços de comunicação é possível — e legalmente respaldada — quando bem planejada e executada.

“O maior entrave não é a lei, é o medo de errar. Existe preconceito institucional com gasto em comunicação, mas ele só será superado com informação e segurança jurídica.”

Ele destacou que muitos municípios e órgãos evitam contratar agências por falta de conhecimento técnico e por medo de auditorias, e explicou como a nova Lei de Licitações (14.133/2021) pode tanto engessar quanto modernizar o processo, dependendo da competência do gestor e de sua equipe.

Conclusão: inovar no setor público exige método — e coragem

O painel reforçou que a comunicação pública de impacto só é possível com planejamento, abertura institucional e coragem para romper paradigmas. Em comum, todos os painelistas demonstraram que é possível inovar — mesmo diante de amarras legais, falta de recursos ou culturas resistentes.

Como provocou Leandro Ogalha no encerramento:

“Inovar no setor público é como correr de sapato social. Você até consegue — mas vai precisar de resiliência, visão estratégica e um time que corra junto.”

Principais mensagens finais:

  • Inovação na comunicação pública exige mais do que ferramentas: depende de coragem institucional e abertura à mudança.
  • O uso estratégico de dados pode tornar a comunicação mais democrática e eficaz, desde que seja transparente.
  • Engajamento real nas redes sociais começa com escuta ativa, humanização e valorização dos talentos internos.
  • Licitar comunicação pública é possível, legal e necessário — desde que haja planejamento e segurança jurídica.
  • Criatividade, planejamento e propósito podem romper as barreiras mais rígidas do setor público.

Assista ao painel completo no YouTube:

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