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A revolução silenciosa: Por que a mídia digital ainda é um desafio para anunciantes e agências

Quando pensamos em publicidade, as imagens que nos vêm à mente podem ser as mais variadas. Para alguns, são os jingles cativantes da televisão dos anos 80, ou os outdoors imponentes que dominavam as rodovias nos anos 90. Para outros, são os vídeos virais do TikTok ou os anúncios personalizados que parecem ler nossos pensamentos enquanto navegamos na internet. A publicidade mudou, e a velocidade dessa mudança tem deixado muitas agências e anunciantes para trás.
Apesar da onipresença da mídia digital, ainda é comum encontrar um uso deficiente ou a falta total de uma estratégia digital coesa na rotina de agências e anunciantes. Esse cenário cria uma desconexão perigosa entre a marca e seu público, que hoje está mais online do que nunca.
Do off-line de sucesso ao digital desorientado
Para entender a importância da mídia digital hoje, vale a pena olhar para o passado. As campanhas de sucesso dos anos 80 e 90 eram mestres em dominar os poucos canais de comunicação disponíveis.
- Campanhas como a do Guaraná Antarctica com o “Pipoca e Guaraná” (anos 90) ou a da Coca-Cola com “Sempre Coca-Cola” eram onipresentes. Elas utilizavam a televisão, o rádio e as revistas de forma coordenada, criando uma experiência de marca unificada e memorável. O segredo estava em dominar o canal, criar uma mensagem forte e repeti-la incansavelmente para que ela se tornasse parte da cultura popular.
Hoje, a história é diferente. O público não está em um único lugar, mas sim espalhado por uma infinidade de plataformas: Instagram, TikTok, LinkedIn, Twitter (X), YouTube, Pinterest, e-mail, e por aí vai. A tentação de centralizar os investimentos em canais “seguros” como o Meta Ads (Facebook e Instagram) e o Google Ads é enorme, e muitas empresas sucumbem a ela.
Esse é o grande erro. Confiar em um ou dois canais digitais é o equivalente moderno a anunciar apenas em um único canal de TV nos anos 80, ignorando completamente o rádio e as revistas.
O risco de centralizar investimentos de mídia digital
A estratégia de centralizar a verba em apenas Meta e Google pode parecer eficiente e simples, mas apresenta riscos sérios:
- Dependência e Volatilidade: Você se torna refém das políticas e dos algoritmos dessas plataformas. Uma mudança no algoritmo do Instagram, por exemplo, pode derrubar o alcance de suas campanhas da noite para o dia, resultando em perda de leads e vendas.
- Saturação do Público: O público-alvo já está sobrecarregado de anúncios no Google e no Meta. Para se destacar, o custo por clique e por impressão aumenta, diminuindo o retorno sobre o investimento (ROI).
- Perda de Oportunidades: Enquanto você concentra seus esforços onde a concorrência é mais acirrada, seus concorrentes mais inovadores podem estar descobrindo e dominando novas plataformas, como o TikTok ou o Pinterest, onde a audiência pode ser mais engajada e o custo de aquisição de clientes é menor.
- Criação de Conteúdo Limitado: Uma estratégia limitada a Meta e Google impede a criação de conteúdo específico para outras plataformas. Um vídeo no TikTok, por exemplo, não funciona da mesma forma que um Reels ou um anúncio de busca. A diversificação de canais exige uma diversificação de formato, o que enriquece a sua marca.
A importância de diversificar os investimentos
A lição das campanhas de sucesso do passado continua válida, mas com uma adaptação crucial: em vez de dominar “um canal”, você deve dominar “a experiência” do seu público, onde quer que ele esteja.
Para agências e anunciantes, a solução é clara: diversificar os investimentos de mídia digital. Isso não significa gastar uma fortuna em todas as plataformas, mas sim criar um mix de mídia inteligente, que pode incluir:
- Meta Ads e Google Ads: Sim, eles continuam sendo essenciais, mas devem ser parte de uma estratégia maior, e não a estratégia completa.
- TikTok Ads: Para alcançar um público mais jovem e engajado com conteúdo em vídeo.
- LinkedIn Ads: Ideal para empresas B2B que querem segmentar profissionais e decisores.
- E-mail Marketing: Para nutrir leads e construir um relacionamento duradouro com o cliente, um canal que você realmente “possui”.
- Parcerias com Influenciadores: Uma forma de alcançar públicos de nicho de maneira autêntica.
- Marketing de Conteúdo: Blogs, vídeos no YouTube e podcasts que atraem tráfego orgânico.
A revolução digital não está mais por vir; ela já aconteceu. A chave para o sucesso não é resistir a ela, mas sim abraçá-la em sua totalidade. Para agências, o desafio é educar seus clientes sobre o potencial da diversificação. Para os anunciantes, é entender que um mix de mídia variado e bem planejado não é um luxo, mas uma necessidade para sobreviver e prosperar na paisagem digital de hoje.
Afinal, na era da informação, estar presente em todos os lugares certos é o novo “Pipoca e Guaraná”.
João Luis Carreira
Sócio diretor da Per4Midia
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